A OMS considera a saúde sexual como um direito humano fundamental e básico, condição necessária para o bem-estar físico, psíquico e sócio-cultural. Entretanto, nossa sociedade ainda é carente de conhecimento em sexualidade do ponto de vista teórico, individual e relacional.
Isso é grave em vários sentidos, nos privando de prazer, autoconhecimento e até nos deixando mais vulneráveis a situações de assédio e importunação.
Em conjunto com isso, nossa experiência clínica nos revela que algumas características de funcionamento de pessoas com TEA podem potencializar a dificuldade em compreensão e expressão de seexualidade. Apesar dos poucos estudos na área, os já realizados apontam para a mesma percepção.
Você já parou para observar como as áreas de prazer e desconforto variam de pessoa para pessoa? Toques que para algumas são altamente prazerosos podem ser bastante desconfortáveis para outras.
Pessoas com diagnósticos de TEA ou características do espectro frequentemente apresentam dificuldades em integração sensorial, podendo ser os desconfortos com toque, som, cheiro, movimento, etc, ainda mais intensos. O conhecimento sobre isso, do ponto de vista teórico e individual (SIM! As características são SEMPRE individuais!) pode ser revolucionário na qualidade de vida de uma pessoa.
As barreiras mais comuns (mas menos falada e pesquisada) para a vida s3xual de pessoas no TEA estão relacionadas às questões sensoriais. As dificuldades no processamento sensorial dos estímulos podem ocorrer ao receber muita entrada sensorial (hipersensibilidade), deixando-as sobrecarregadas, ou pouca estimulação sensorial (hiposensibilidade), levando-as a se engajar no comportamento de busca de sensação. Por exemplo, certas carícias podem ser sentidas como dolorosas, ou cheiros/perfumes causarem irritação. Diante disso, a pessoa pode começar a se sentir ansiosa e se afastar da sua parceria (um exemplo de comunicação não verbal, a qual falaremos na próxima postagem).
Entre as características do Espectro do Autismo estão variações no Processamento Cognitivo, Linguagem e Comunicação. Paquera, jogos relacionais e s3xuais, diálogos sobre interesses e consentimento são contextos potencialmente desafiadores para todos nós e na grande maioria das vezes não nos são ensinados. A soma das características do Espectro com a falta de informação não só priva as pessoas na vivencia de sua s3xualidade, mas também pode deixá-las mais vulneráveis a situações de risco.
Além disso, entender as intenções e ponto de vista do outro, comunicar sobre os sentimentos e desejos são aspectos importantíssimos para a qualidade das interações.
Diante da vasta demanda, iniciamos o Grupo de Educação Sexual e treino de habilidades relacionais para jovens adultos no Espectro do Autismo 🤍
Nos últimos dois anos dedicamos vários fins de semana, horas de estudo e elaboração, que somados com nossa vasta experiência com TEA e com as demandas das pessoas que atendemos gerou esse programa!
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