Como falar sobre perdas e luto com as crianças?
- Natália Araújo
- 19 de fev. de 2022
- 2 min de leitura

Em muitas situações não é possível prever quando a criança passará por um momento de perda e luto, pode ser diante de um amigo que muda de colégio ou cidade, de um animal de estimação que vai embora, de um parente que falece por acidente... Com a pandemia de Covid, temos experienciado o quanto a vida é um sopro!
Por isso a importância de antecipar e preparar a criança para lidar diante das adversidades, através de uma comunicação cuidadosa e afetuosa sobre a finitude de ciclos e da vida, da sensibilidade diante de emoções desagradáveis de sentir e de ações direcionadas ao acolhimento.
Diante dessa demanda bastante frequente no consultório, escrevi uma história sensível sobre as adversidades em nossa vida. O livro "O dia em que Dona Nuvem ficou cinza", no qual crianças e pais podem dialogar sobre a complexidade e ciclos que ocorrem na natureza, associando com situações nas quais as crianças estejam enfrentando. Uma sugestão para ampliar a conversa, é o adulto relatar sobre suas vivências de perda e como se sentiu na época e encarou as emoções e situação.
Através da literatura fica mais fácil conduzir conversas delicadas e necessárias.
Muitas vezes, diante de emoções difíceis, como a tristeza e frustração, a tendência de muitos é querer fugir, ignorar, anestesiar, desvalidar… seja diante das suas próprias emoções, ou diante da outra pessoa. Por exemplo quantos de nós quando crianças não escutamos frases do tipo “não precisa chorar por isso”, “olha como está feio chorando assim”… sendo ensinados de que “não devemos sentir emoções negativas”, bem como regras que devem evitar situações e experiências para “controlar” o risco de sofrer. Mas na verdade é o contrário: nós precisamos sentir e encará-las de frente. Sentir as emoções é algo biologicamente natural e necessário para nossa “ciclagem e regulação”.
Mas qual a melhor forma de lidar com as emoções? Há formas mais funcionais e menos funcionais, que vão depender do contexto da situação. Mas em geral o primeiro movimento importante para lidar é: acolher e validar qualquer emoção, não brigar nem julgar. E como o adulto pode ensinar isso a criança? Respeitar e conversar sobre o que ela está sentindo, deixá-la se expressar e propiciar um momento de segurança, abraçar e falar “sei que está ruim e doendo, mas vai passar”, que tal levar a dor pra passear e direcionar a criança para atividades que ela se sinta acolhida?

Às vezes ficamos cinza como a nuvem, carregada de emoções pesadas… E precisamos deixar fluir e chover (chorar) para descarregar a tensão!
Assim como a nuvem não pode “engolir” sua água, senão os “trovões” podem aumentar e doer ainda mais… não podemos engolir o choro e nem dizer a uma criança para fazer isso.
Com a leitura do livro “O Dia em que Dona Nuvem ficou cinza” as crianças compreenderão a importância de acolher as emoções e como lidar melhor com elas 🤩
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